Diretor clínico alerta para risco de suspensão de cirurgias e população demonstra indignação com situação
Uma grave denúncia feita pelo diretor clínico do Hospital Universitário Alzira Velano, Dr. Dênis Claudino da Silva, chamou atenção da população de Alfenas e região. Segundo ele, a Prefeitura de Alfenas, sob gestão do prefeito Fábio Marques Florêncio (PT), conhecido como Fábio da Oncologia, não vem honrando os repasses financeiros destinados ao hospital.
Os valores são oriundos dos governos Estadual e Federal, que chegam ao município por meio de resoluções ministeriais. Após o recebimento, a Prefeitura tem até cinco dias para efetuar a transferência ao hospital, o que, segundo Dr. Dênis, não tem acontecido de forma regular. Atualmente, a dívida acumulada está em R$ 9.497.543,00.
Apesar de reconhecer que a atual administração tem feito esforços para realizar os pagamentos com mais frequência do que a gestão anterior — do ex-prefeito e hoje deputado estadual Luiz Antônio da Silva — o diretor alerta que a situação é preocupante. “O risco de alguns procedimentos serem suspensos e até mesmo paralisados, inclusive cirurgias, é grande. Em alguns casos, se o paciente não realizar o procedimento, pode evoluir com consequências graves para a saúde”, disse.
Dr. Dênis fez um apelo público para que a Prefeitura regularize a situação. Ele ressaltou que o hospital funciona de forma ininterrupta — 24 horas por dia, sete dias por semana, todos os meses do ano — atendendo cerca de 15 mil pacientes por mês, moradores de Alfenas e de outras 26 cidades do Sul de Minas. O custo mensal para manter os atendimentos ultrapassa R$ 2,5 milhões.
O diretor também destacou o empenho da secretária de Saúde de Alfenas, Andrea de Souza, no diálogo para tentar agilizar os repasses. Ele afirmou ainda que, quando a dívida for quitada, irá apresentar publicamente a prestação de contas.
População indignada
A reportagem do Conexão Alfenas ouviu pacientes e moradores sobre a situação. Um deles, que preferiu não se identificar, criticou os gastos recentes da Prefeitura com eventos.
“Eles gastaram quase o valor da dívida em shows. Por que não adiantaram esse dinheiro para o hospital?”, questionou.
Outro paciente desabafou:
“Alfenas está largada às traças. A gente passa no médico aqui no hospital, sai com a receita, vai no CDM e não tem remédio, não tem nada. Mas pra fazer festa, sempre tem.”
A insatisfação popular não é recente. Muitos reclamam que a saúde no município enfrenta há anos um “jogo de empurra” entre gestões, e que os recursos destinados ao hospital frequentemente precisam ser cobrados judicialmente.
“É um absurdo ter que ir à Justiça para receber um dinheiro que já vem carimbado para o hospital”, afirmou outro morador.
O Conexão Alfenas seguirá acompanhando o caso. A expectativa é que a administração municipal encontre uma solução imediata para evitar prejuízos ainda maiores à saúde pública. Afinal, como destacou o diretor clínico, “com a saúde não se brinca. Saúde não espera.”
