O Governo de Minas anunciou nesta sexta-feira (26/09) a implantação de uma inovação tecnológica que promete transformar o atendimento de emergências no estado: o Siloc (Sistema de Localização). O objetivo central é permitir identificar de forma automática, precisa e em tempo real a localização de quem faz chamadas aos números de emergência, Polícia Militar (190), Polícia Civil (197) e Corpo de Bombeiros (193).
O Siloc foi desenvolvido pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), em parceria com as polícias Militar e Civil, e o Corpo de Bombeiros do estado.

A tecnologia por trás do sistema usa o chamado AML (Advanced Mobile Location), que consegue combinar diferentes fontes de dados, GPS do aparelho, redes Wi-Fi próximas e torres de celular, para determinar com precisão o ponto de origem da chamada.
Importante destacar: o Siloc opera automaticamente assim que a ligação de emergência é feita, não requer instalação de aplicativo adicional no smartphone. Ou seja, qualquer aparelho moderno (iOS ou Android) pode enviar os sinais necessários sem ação extra do usuário.
Em situações de cobertura de sinal limitada por exemplo, em áreas rurais, floresta ou trilhas, o sistema pode usar SMS como alternativa para transmitir a localização, o que amplia significativamente sua utilidade em locais remotos.
O Siloc chega para resolver diversos desafios antigos no atendimento de emergências:
- Chamadas sem localização: pessoas que não sabem informar o endereço (crianças, idosos, vítimas sob estresse ou incapacitadas de falar) passam despercebidas ou sofrem atrasos no atendimento. Com o sistema, mesmo que a pessoa não possa descrever onde está, o local será capturado automaticamente.
- Buscas em locais remotos: em trilhas, matas ou zonas rurais, dificuldade de localização é algo frequente. O sistema reduz drasticamente o tempo de busca.
- Trote: outro problema antigo. Minas Gerais registrou cerca de 11 mil trotes só em agosto de 2025. Um trote mobiliza recursos, ocupa centrais e pode atrasar outros atendimentos; com localização obrigatória, reduz-se o espaço para esse tipo de falsificação.
O Siloc é capaz de localizar com razoável precisão, cerca de 5 metros do ponto de origem da ligação, em condições ideais. Isso permite que equipes cheguem ao local certo sem depender apenas de orientação verbal ou pontos de referência, que costumam ser imprecisos ou inexistentes em áreas remotas.
O sistema já está em operação no Centro Integrado de Atendimento e Despacho (CIAD), localizado na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.
“Esse sistema é um divisor de águas na segurança pública de Minas. Com o Siloc, conseguimos reduzir drasticamente o tempo de resposta em situações críticas, salvando vidas e otimizando o trabalho das nossas forças de segurança.”
— Rogério Greco, secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública
“Antes, muitas ocorrências se perdiam porque a vítima não sabia informar o local exato. Agora, com a localização automática, conseguimos acionar a viatura mais próxima em poucos segundos.”
— Cel. Coronel Carlos Frederico Otoni Garcia, comandante da PMMG
“Em casos de incêndios ou pessoas perdidas em matas, cada minuto faz diferença. O Siloc nos dá a chance de chegar mais rápido e com mais precisão, aumentando muito a chance de resgate com vida.”
— Cel. Jordana de Oliveira Filgueiras Daldegan, comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
“O Siloc também auxilia investigações, pois reduz falsas ocorrências e nos dá maior clareza sobre a origem das chamadas.”
— Delegada-geral Letícia Gamboge Reis, chefe da Polícia Civil de MG
Números, impacto inicial e expectativa
- De janeiro a agosto de 2025, foram feitos 2,3 milhões de ligações para o número 190 (Polícia Militar) em Minas Gerais.
- O Corpo de Bombeiros registra uma média de 1.200 chamadas por dia, com picos de até 3.000 em períodos críticos, como estiagem.
- Também há aproximadamente 70 atendimentos mensais de pessoas perdidas em regiões de trilhas e matas. Autoridades afirmam que com Siloc, muitas dessas ocorrências poderão ser resolvidas mais rapidamente e com menos desgaste, tanto para quem solicita auxílio quanto para quem o presta.

Apesar do potencial, há pontos que poderão demandar atenção:
- Cobertura de sinal: Em locais sem torres de celular ou com sinal muito fraco, operar com precisão máxima ainda poderá ser difícil, mesmo com auxílio de SMS.
- Privacidade: Sistemas de localização envolvem dados sensíveis. Será fundamental que existam garantias de uso correto, restrito às chamadas de emergência, com salvaguardas legais. Até o momento, as publicações oficiais não detalham como será o controle de uso desses dados, quem terá acesso, por quanto tempo ficarão armazenados, etc.
- Capacitação: Operadoras, centrais de despacho e equipes em campo deverão estar treinadas para usar essa nova informação, interpretar coordenadas geográficas, trabalhar com mapas, etc., para que o acréscimo de tecnologia se traduza realmente em mais rapidez e menor tempo de resposta.
- Manutenção tecnológica: Atualizações de software, compatibilidade entre sistemas operacionais, segurança cibernética serão componentes importantes para evitar falhas ou uso indevido.
A expectativa é que Siloc represente um passo significativo para a modernização do atendimento de emergências em Minas Gerais. Ao permitir localização automática, ele promete reduzir o tempo de resposta, evitar mortes, minimizar sequelas, e melhorar a eficiência no uso de recursos públicos. Essa inovação alinha-se com uma tendência mundial de integrar geolocalização em serviços de urgência, algo vital nos grandes centros, mas com impacto ainda maior em áreas rurais ou de difícil acesso.
Se bem implementado e acompanhado de políticas de transparência e privacidade, o Siloc pode servir de modelo para outros estados do Brasil.












